quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Senta, que lá vem História!

Buenos Aires respira e transpira história. A cidade é extremamente antiga, assim como é extremamente preservada. Claro que possui prédios caindo aos pedaços, abandonados, mal cuidados, com em qualquer lugar do mundo. Mas esses são minoria...

Buenos Aires - Como tudo começou...

Houveram várias tentativas de colonização daquelas terras ao sul, todas frustradas. 
Em 1536 o militar espanhol Dom Pedro de Mendoza se instalou às margens do Rio Riachuelo e, comandando um grupo de aproximadamente 2 mil pessoas, se estabeleceu no povoado de Cuidad y Puerto de Santa Maria del Buen Ayre. Essa população acabou sucumbindo à fome, isolamento, doenças e ataques de índios.


Finalmente em 1580, Juan de Garay tomou posse da cidade, criando a Cuidad de La Santíssima Trinidad y Puerto de Santa Maria del Buen Ayre, exatamente no local onde hoje é a Plaza de Mayo.

Plaza de Mayo - Buenos Aires
PLAZA DE MAYO

A Plaza de Mayo originou-se da Plaza Mayor, construída quando da fundação da cidade por Juan de Garay, em 1580. Ao oeste, construiu-se o Cabildo e a Catedral Metropolitana e a leste, o forte (que originou a Casa Rosada).
A praça sempre foi o centro da vida política da capital, desde a época colonial e seu nome comemora a Revolução de Maio de 1810.
Desde a década de 70, as Mães da Praça de Mayo se reúnem todas as quintas feiras, caminhando em círculos ao redor da praça, com fotos de seus filhos desaparecidos e mortos durante a ditadura militar, usando lenços brancos na cabeça. Uma curiosidade: suas palmeiras foram trazidas do Rio de Janeiro.

CABILDO

Cabildo, em 1810 - Plaza de Mayo - Buenos Aires

Localizado na Plaza de Mayo, o Cabildo foi construído precariamente no início do séc. XVII, e foi a primeira sede de governo, com várias funções políticas e administrativas, além de servir como prisão. Em 1725 foi reformado e em 1740 foi reinaugurado, mas o 2º andar e a torre central só foram finalizados em 1748.




Cabildo - Buenos Aires






Durante os séculos XX e XXI, perdeu 6 arcadas (3 de cada lado) para dar lugar à abertura das Avenidas de Mayo e Presidente Julio Roca.
Em 1933 foi declarado Patrimônio Cultural.
Hoje abriga o Museo Nacional del Cabildo y La Revolución de Mayo, contendo documentos da revolução, armas, medalhas e móveis da época das guerras da independência.










CASA ROSADA

Casa Rosada - Plaza de Mayo - Buenos Aires
Construída em 1565 e inicialmente chamada de Real Fortaleza de San Juan Baltazar da Áustria, teve seu projeto inicial modificado várias vezes no decorrer dos tempos. Sede do governo da Argentina desde 1873, é um dos cartões postais de Buenos Aires. A justificativa para o nome Casa Rosada é controversa: uns dizem que a sua cor é resultado de uma mistura de cal com sangue de boi, para baratear os custos da pintura e impermeabilizar as paredes; outros dizem que a mistura das cores branca e vermelha deveu-se a uma homenagem à conciliação dos dois partidos políticos (antes rivais) que existiam à época. Também chamada de Casa de Gobierno, possui um museu com mais de 10 mil objetos. A troca da guarda (ou granadeiros) acontece a cada duas horas, de 7h às 19h. Existem visitas guiadas e gratuitas diariamente.

BANCO DA LA NACIÓN ARGENTINA



Fundado em 1891, por iniciativa do Presidente Carlos Pellegrini, como um meio para resolver a crise econômica que assolava o país e afetava, principalmente, o sistema bancário. É um banco 100% estatal e, no decorrer dos anos, transformou-se no maior banco comercial argentino.





CATEDRAL METROPOLITANA

É o maior templo católico da cidade. Construída em 1593, foi reconstruída diversas vezes, levando 250 anos para ser finalizada. Sua fachada lembra os templos gregos, mas seu interior é tipicamente barroco.
Numa das naves encontra-se o mausoléu do General San Martin, líder da independência. Os altares possuem imagens do séc. XVII, piso de ladrilhos venezianos (feitos na Inglaterra) e azulejos renascentistas, além do espetacular órgão com 2.846 tubos.

 




PALACIO MUNICIPAL



O Palacio Municipal de la Ciudad de Buenos Aires (sede da "prefeitura", no primeiro piso) e Palacio de Jefatura de Gobierno de la Ciudad de Buenos Aires (a sede da polícia, no 2º piso). Encontra-se no entrocamento da Avenida de Mayo e da Plaza de Mayo.
Construído entre os anos de 1890 a 1893, foi um projeto audacioso, uma vez que a cidade não tinha muitos recursos financeiros para a construção. Foram utilizados os restos das residências que foram demolidas para a abertura da Avenida de Mayo. Muitos dos mosaicos e cristais são remanescentes dessas residências. O Palacio foi ampliado em 1911 e, em 2005, durante as obras de restauração, descobriu-se em seus porões vários documentos e objetos da época de sua construção.



A cidade não tinha riquezas e acabou sobrevivendo de contrabando vindo do Brasil (acredite se quiser)! Até o início do séc. XVII tinha pouco menos de 500 habitantes e pouquíssimos ousavam a se aventurar nas inóspitas terras dos Pampas, devido às sangrentas lutas contra os índios. Só após o séc. XVIII os primeiros bandeirantes portenhos começaram a desbravar o território, formando as estâncias onde começaram a criar os seus rebanhos. Buenos Aires começou a exportar couro para a Europa e este passou a ser o seu principal produto.

Em 1776, a Coroa espanhola tornou a cidade a capital do Vice-Reino do Prata, levando à expansão e ao progresso da região. Começaram a chegar os primeiros imigrantes: italianos, franceses e espanhóis, que muito influenciaram na arquitetura e desenvolvimento da cidade.

A Inglaterra começou a namorar as colônias espanholas com promessas de livre comércio e tarifas reduzidas. Em 1806 o General Beresford invadiu a cidade e, apesar das propostas sedutoras, acabou deparando-se com o povo rebelado. A população garantiu a sua expulsão e deu força ao argentino Liniers, que acabou aclamado Vice-Rei pelas mãos do povo.
Em 1807 houve nova invasão pelos ingleses e, então, Liniers liderou a resistência, bombardeando o inimigo inclusive com óleo fervente derramado dos telhados. Resquícios dessa batalha podem ser vistos no Convento de Santo Domingo, também conhecido como La Basilica de Nuestra Señora del Rosario, no Bairro de Montserrat.


Na invasão, conhecida como Combate de Santo Domingo, muitas das balas de canhão atiradas atingiram a única torre da igreja (a do lado esquerdo), destruindo-a. Depois, ao ser reconstruída, as balas foram incluídas na sua fachada, como recordação daquele episódio. Também se encontram no local quatro bandeiras tomadas dos ingleses por Liniers, assim como os restos mortais de Manuel Belgrano. Somente em 1849 a torre da direita é terminada.

A Argentina iniciava sua revolução pela independência. Tiraram do poder a elite espanhola e se revoltaram contra aqueles que ainda apoiavam a Coroa Espanhola. Em 25 de maio de 1810, um protesto público deu início à Revolução de Maio, que culminou com a independência da Argentina, em 09 de julho de 1816.

Em 1880 Buenos Aires se torna a capital do país. Terminam os conflitos e dá-se início a uma grande reforma urbana, entrada de imigrantes (principalmente italianos), programas de reurbanização inspirados em Paris. A capital prospera e começa a erguer os seus mais importantes edifícios: o Palácio Municipal, o Congresso de La Nación, o Teatro Colón, as Galerías Pacífico, os grandes monumentos. Houve a remodelação da Casa Rosada e a abertura das Avenidas de Mayo e 9 de Julio.


CONGRESSO DE LA NACIÓN


O Congresso de La Nación Argentina é a sede do parlamento argentino. É um dos edifícios mais imponentes de cidade. Construído em 1906, com a cúpula revestida de cobre (elementos que remetem ao congresso americano), possui uma curiosidade: as cadeiras dos parlamentares possuem um contrapeso que os exclui do placar quando se levantam, evitando que os votos sejam computados sem que eles estejam presentes.
www.congreso.gov.ar


TEATRO COLÓN

Considerado um dos melhores teatros do mundo, devido à sua acústica e valor artístico da construção, teve sua pedra fundamental instalada em 25 de maio de 1890, e foi marcada pelas mãos de 3 arquitetos, sendo que o primeiro morreu em 1891, o segundo foi assassinado em 1904 e o terceiro finalizou o projeto, inaugurando-o em maio de 1908, com a apresentação da Ópera Aída, de Verdi. Cada um deles deixou a sua marca.
O teatro em sí vale uma visita: a sala principal, em forma de ferradura, com 33m de diâmetro, sete andares de camarotes, a cúpula da sala principal, o candelabro central de 7m de largura e a escadaria em mármore impressionam. www.teatrocolon.org.ar/por


GALERÍAS PACÍFICO


O prédio, inspirado na galeria parisiense Lafayette, foi inaugurado em 1889 e abrigava a loja Bon Marché. Fracassada, abrigou várias instituições de arte e de comércio até 1946, quando foi reformada e recebeu afrescos de renomados pintores argentinos. São mais de 100 lojas, inclusive de grandes grifes internacionais, e praças de alimentação.
www.galeriaspacifico.com.ar


 
Os arquitetos começaram a imitar o estilo europeu, dando origem ao bairro da Recoleta. Até o material de construção vinha da Europa. No final do séc. XIX e início do séc. XX a cidade sofreu importantes transformações, prosperando economicamente e desenvolvendo a infraestrutura urbana. A melhoria geral nos serviços públicos permitiu que a cidade tivesse o primeiro metrô iberoamericano. Buenos Aires prosperava, exportando carne e couro, e importando boas maneiras. Uma lei de 1902 proibia os moradores de cuspir no chão!

Após esse período de prosperidade instalou-se uma grave crise econômica que levou a um golpe de Estado, fazendo surgir a figura do General Juan Domingo Perón, que percebeu a força das massas trabalhadoras. Foi eleito presidente em 1946, com a ajuda de sua companheira, Eva Duarte, que acabou superando a popularidade do marido.

Evita, como era conhecida, não tinha nenhum cargo oficial, mas trabalhou em prol dos descamisados e teve grande reconhecimento e popularidade. Implantou a educação religiosa no país, arrecadou fundos, estabeleceu parcerias voluntárias, construiu creches, asilos, hospitais e orfanatos. Incentivou políticas de apoio à mulher, criou o Partido Feminista Peronista e, finalmente, em 1951, foi eleita Vice-Presidente da República. Foi forçada pelo Exército a renunciar ao cargo, devido ao avanço de sua doença.

Perón dominou o país até a morte da esposa, em 1952, vítima de câncer (aos 33 anos) quando aconteceu outro golpe de Estado, levando a várias idas e vindas do governo militar no país até que, em 1973, voltou ao poder. Perón morreu no ano seguinte e sua 2ª esposa, Isabelita, assumiu o poder. Sem muita aceitação, sofreu um golpe militar em 1976.

O terror se instala na Argentina. Foram tempos de extrema opressão, falta de liberdade, assassinatos (cerca de 30 mil), crimes políticos. O país ficou estagnado e numa tentativa patriótica, declarou guerra à Inglaterra pela posse das Ilhas Malvinas. O fracasso da Guerra das Malvinas culminou com a queda da ditadura militar. O presidente eleito, Menem, deixou o país numa grave crise econômica, que teve seu auge no início dos anos 2000. O desemprego aumentou assustadoramente, e muitos portenhos deixaram o país. Bancos quebraram. A população se mobilizou e conseguiu derrubar quatro presidentes em menos de um mês!

Em 2003 o país começa a se reerguer. O presidente Néstor Kichner trouxe um crescimento econômico para o país. Sua sucessora, e sua esposa, Cristina Kichner, eleita em 2007, deu continuidade ao trabalho do marido. A crise econômica mundial atingiu em cheio a Argentina, aumentando as críticas contra a presidenta. O país vai se reenguendo a passos lentos. Em 2010 o país comemorou seu bicentenário, com festejos em todo o território nacional.


Uma coisa não pode se negar: apesar da rivalidade na economia e no futebol entre Brasil e Argentina, de maneira geral nossos vizinhos hermanos são muito simpáticos com os brasileiros. Os portenhos são muito cordiais e atenciosos.


O TANGO


O tango surgiu entre os marinheiros, estivadores e imigrantes, nas tardes e noites das casas de prostituição de La Boca, o primitivo porto de Buenos Aires, por volta de 1880. Com melodias melancólicas e fama de lascivo, foi ganhando o mundo. Inicialmente era dançado por dois homens, por isso a tradição de se ter os rostos virados, sem se fitar. O Tango mescla o drama, a paixão, a sexualidade, a agressividade, é sempre e totalmente triste. Trata-se de uma dança masculina, por isso a mulher é sempre submissa.
Em 1918, Carlos Gardel conquistava corações com seus tango-canção, fazendo fama com seus discos e filmes. Outros músicos de destaque são Aníbal Trilo (el Pichuco), Astor Piazzolla (que adicinou traços de clássico e jazz ao tango) e Leopoldo Frederico.
Em  2009, o tango passa a ser classificado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO.


GASTRONOMIA: A PARRILLA


A origem da parrilla argentina remete à era colonial. Os "gaúchos" (vaqueiros) caçavam e faziam o asado em hastes fincadas no chão, se aperfeiçoando na arte de assar.  O costume cruzou regiões e se tornou um prato nacional. É de alta qualidade e preço baixo.






GASTRONOMIA: EMPANADAS


Com carne (ou frango), azeitonas, ovos cozidos, batatas, uvas passas, cebolas e pimentão, são um tipo de pastelzinho que leva qualquer pessoa ao delírio! A carne pode ser em pedacinhos ou moída e as empanadas podem ser assadas ou fritas. Também existem versões vegetarianas, como de humita (milho) ou queijo.





GASTRONOMIA: ALFAJORES

Muito popular na Argentina, o doce é considerado um ícone da cultura do país. São consumidos cerca de 6 milhões de alfajores por dia! Existem centenas de marcas, sendo que o Havana praticamente tornou-se sinônimo do produto em si.
O doce é composto por duas ou três camadas de massa, que após assadas devem ser crocantes e macias, quase esfarelando, e um recheio de dulche de leche, coberto com chocolate ou polvilhado com açúcar de confeiteiro.

GASTRONOMIA: SORVETES


Graças à forte imigração italiana a cidade tem grande tradição em sorvetes artesanais. São infinitos sabores e combinações de sabores: somente de dulche de leche cada sorveteria tem pelo menos cinco opções. A mais tradicional é a Freddo: inaugurada há mais de 40 anos possui mais de 30 lojas espalhadas pela cidade. Sua viagem não será completa se não curtir um helado, mesmo que seja no inverno.


GASTRONOMIA: VINHOS

A evolução das vinicultura argentina tem produzido boas surpresas, até para os paladares mais refinados. O país se destaca por oferecer boas opções a preços acessíveis. A grande estrela é a uma Malbec, forte na província de Mendoza, de sabor pronunciado, o vinho dessa uva deixa um gosto forte e presistente na boca. É aconselhado para acompanhar carnes vermelhas, por isso a perfeita combinação com a culinária argentina.


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